“Vender Frigoríficos nos pólos…”.

Já ouviram a expressão “vender Frigoríficos nos pólos…”. Recentemente ouvi esta mesma expressão em tom enaltecedor, gratificante. “Somos bravos, até frigoríficos vendemos nos pólos…” Expressões como esta são bastante comuns entre comerciais, ou assistentes de vendas, ou assistentes comerciais, ou vendedores, enfim escolham a designação.


No entanto, quem vende os frigoríficos nos pólos, está a incorrer em vários erros:

- Em primeiro lugar, um verdadeiro profissional, tenta colmatar uma necessidade, não inventa uma necessidade, nem desperta uma necessidade, isto mais não são do que eufemismos para “enganar”. Para os vendedores de “frigoríficos”, aqui vai uma novidade, nem sempre temos algo que se enquadre com as necessidades de determinada pessoa. Para uns teremos, para outros não. È a vida…

- Segundo, uma venda mal feita, é filha única. Só conseguimos enganar o cliente uma vez. Como se costuma dizer “Á primeira qualquer uma cai, à segunda só cai quem quer”.

- Terceiro, parece-me mais razoável colmatar a necessidade do cliente, do que a necessidade do vendedor.

O que levará as pessoas a agir desta forma? Vistas curtas. È verdade. Quem age desta maneira tem vistas curtas. Desculpem a frontalidade, mas é o que penso, e como já abordei numa outra intervenção neste blog (Crise financeira, ou crise de valores), esta atitude, foi o que nos ajudou a empurrar para a situação actual.

Podem argumentar, mas as empresas vivem das vendas.

De acordo. Mas valerá a pena vender o chamado “gato por lebre”?

Geralmente com grandes volumes de vendas, vem prémios também eles volumosos, o que leva as pessoas a correrem mais riscos. Poderemos dizer que “o risco compensa”.

Um exemplo rápido, de conhecimento de causa. Nesta altura (fim de ano), os Bancos intensificam as suas vendas nos produtos com benefícios fiscais, nomeadamente os PPR. São traçados objectivos sem grandes critérios por todas as agências de um Banco. Factores que não são levados em conta: População tipo de cada balcão, escalões etários predominantes, grau de informação, nível de rendimento médio da região, enfim para citar apenas alguns critérios ignorados. Todos estes factores, vão condicionar os números das vendas. Estar a pedir a um balcão com população predominantemente reformada a constituição de elevado n.º de PPR, não me parece razoável (é vender “frigoríficos”). No entanto o grau de realização dos objectivos nada disto tem em consideração. O que interessa são os números, e esses quanto maiores melhores… (por outro lado quanto maior a subida, maior é o tombo).

Então e o profissionalismo, a ética, os valores básicos?

Pensar apenas no imediato, não estipular estratégias estruturais. Hoje sou funcionário da empresa A, mas amanhã estou na B, “quem vier atrás que feche a porta”.

Temos que começar a pensar estruturalmente, saber onde queremos chegar, traçar metas e objectivos, obviamente, sabendo que o “ fazer bem” requer tempo, “depressa e bem… (e eu a dar-lhe com os ditados populares, até eu já estou a ficar nervoso).

Por hoje fico por aqui, esta coisa dos ditados esgotou-me.

Adeus e até ao meu regresso.

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