O Milagre da Recuperação de Crédito

Ora viva.

Após este interregno, devido às festividades Natalicias, cá estamos novamente.

Desta feita para reflectir sobre o tão famigerado crédito “mal parado”. O tal que não para de aumentar e ao que parece só não será maior, ou melhor, só não estará ainda espelhado nas contas dos bancos, por artificialismos, que nos conduzem à verdade da mentira (E É AQUI QUE ENTRA O SCHWARZENNEGER).

Vejamos hipoteticamente a seguinte situação. Se eu tiver um atraso de, digamos, 4 prestações de um crédito pessoal, essa situação será canalizada para um departamento próprio no Banco, chamemos, “departamento de contencioso e recuperação de crédito”. A partir daqui deixo de negociar com a minha agência ou sucursal, para ter como intermediário do Banco os Srs da “Recuperação de crédito”.

Chegado a esta fase e como em qualquer situação negocial, convém avaliar o poder de cada uma das partes. Qual o meu objectivo? Redução da prestação para valores comportáveis com a minha situação profissional actual, ou carência durante um determinado período de tempo do pagamento das prestações, caso esteja desempregado.

Objectivo do banco? Por um lado, não deixar que o meu crédito seja contabilizado como “mal parado”, no fundo, que não se encontrem prestações em atraso, até porque esta situação terá implicações negativas nos resultados anuais.

O casamento destas duas vontades, origina na maior parte dos casos, num aumento do número de anos do empréstimo (algumas vezes, mais do que seria razoavelmente aceitável, em condições normais de mercado). Renegociações de empréstimos, onde para além da dilatação dos prazos, poderá haver também períodos de carência. Nestas renegociações, poderemos também obter juros mais baixos, spreads mais baixos e vantajosos, que no contrato inicial (exactamente, aquele que estaria neste momento em incumprimento).

Já sei estão a pensar,” então, mais vale deixar o meu crédito entrar em incumprimento, para conseguir condições mais vantajosas”. Apesar de isto não ser liquido, em muitos dos casos é o que acontece.

Outro mecanismo que os Bancos utilizam para salvaguardar os seus interesses, é a execução de garantias reais, quando estas existem (geralmente apartamentos, casas, lojas, terrenos). Nestas situações, não podemos esquecer que a maior parte destes imóveis, foram avaliados, numa época especulativa. Hoje a sua valia é consideravelmente inferior.

Associado a isto a crise em geral e do sector imobiliário em especial, traduz-se num problema, traduzido pela desvalorização dos imóveis.

Isto são apenas alguns aspectos reveladores da fragilidade do sector bancário, que não estará ainda propriamente na fase de retoma e que me leva a desconfiar dos espectaculares lucros obtidos.

No mundo empresarial, onde os números traduzem a valia de uma empresa, o importante é o hoje, lucros espantosos, ainda que artificiais, prémios fabulosos, … futuro ruinoso.



Adeus e até breve.

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