A PURA DA LOUCURA!


“Sinto a loucura a apoderar-se de mim… e é um sentimento de certo modo reconfortante…”

Entrando no universo da loucura, surgiram mais duas possibilidades, a maluquice e a alienação. Procurei. Encontrei, “louco: 1. que perdeu a razão; doido alienado; 2. insensato; 3. Extraordinário, exagerado”, continuei e também encontrei “ maluco: 1.que não tem juízo todo; tonto disparatado; 3. extravagante”, na mesma senda… “alienado: distante da realidade”. Posta isto e dada a sociedade tipificadamente segmentaria, sinto necessidade de me incluir numa destas classificações!
Após uma breve auto análise, com todas as eventuais deturpações inerentes à falta de discernimento inatas a um auto avaliação, sinto-me louco. Neste mundo, leia-se realidade, a loucura é um sentimento mais reconfortante.
Maluco? Não obrigado! O que me faz mais confusão na maluquice, nem é a extravagância ou a insensatez, mas sim o disparate, a tontaria, a falta de juízo, entendido como falta de discernimento de apreciação sobre pessoas ou coisas, que é como quem diz realidade.
Vivo rodeado de malucos, ou serei eu que sou louco? Das duas três.
Dadas as opções, prefiro uma certa alienação desta (triste) “realidade”, onde o discernimento não existe, já para não falar do bom senso. Tontos!… digo eu do alto da minha loucura.
Mas a diferença será assim tão perceptível? Não será um louco também um maluco, ou um maluco igualmente um louco? Não me parece. No máximo existem algumas convergências de opinião. Ambos concordam que o mundo está muito diferente. O que os distingue é a abordagem da Realidade. Enquanto uns mantém um padrão comportamental no presente como no passado, numa negação constante de futuro, outros pelo contrário enlouquecem. É desta forma que o louco se distingue do maluco. O louco distancia-se da “realidade”, tem dificuldade em percebe-la e aceita-la, torna-se um chato, questiona, reivindica revolta-se, porque vive num estado de alienação da “realidade”, num processo construtivo da sua (que deveria ser nossa) realidade. Uma realidade distinta da existente, onde existe bom senso, discernimento, o Bem e o Mal, bem identificados, com mais zonas pretas, mais zonas brancas e menos zonas cinzentas. O maluco transforma o preto e branco em cinzento, através da perigosa abolição das fronteiras entre o Bem e o Mal, confundindo-os e conduzindo-nos à nossa (triste) “realidade”.
Anda tudo maluco, dizem. Pois eu sei. É por isso que sinto a loucura a apoderar-se de mim… e é um sentimento de certo modo reconfortante…

Adeus e até ao meu regresso!


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