Burocracias II - Vocês e as senhas!

Ora viva!
Então… bonzinhos?…isso!
Hoje teremos a sequela da “burocracias”! Isso mesmo, pelo que se aconselha a leitura do primeiro texto desta saga.
 Lembram-se dos códigos do cartão de cidadão que todos temos, mas que na prática não servem para nada?, … esses mesmos. Pois bem, após ter efetuado a alteração da morada, eis senão quando, passados três dias recebi no correio o quê?? Vá lá, sugestões??? Aquele jovem lá trás … isso mesmo…, novos códigos (bem feito para mim). E sabem qual a utilidade prática destes novos códigos ?!?! Isso mesmo servem exatamente para o mesmo que os anteriores, para rigorosamente N A D A! Digam lá se esta malta não tem sentido de humor?!
Ora, ao ler as instruções dos novos códigos, percebi que eram códigos de confirmação da alteração de morada efetuada três dias antes! Ah pois é, não fosse eu arrepender-me de ter alterado a morada, ou não fosse eu mudar novamente de residência (sim porque é normal mudarmos de morada de 3 em 3 dias) e lá estavam mais uns códigos. Bom, mas como até estava bem disposto, lá fui eu novamente retirar uma senha para confirmar aquilo que tinha feito três dias antes(!!!).
O número da senha para confirmação de moradas ia no 30 e eu era o 33, pelo que pensei, ok, vai correr bem. Uma hora depois (sim leram bem uma hora, 60 minutos) depois, lá fui chamado por uma senhora com um ar de quem tinha vindo para o trabalho de vassoura!
Como sou pai de família, ia efetuar o complicado processo de confirmar não só a minha morada, como também a da minha cara-metade e filhos. Confesso que fiquei logo com a ideia de que era muita gente. Estava aqui um eventual foco de problemas. No entanto enchi-me de coragem e munido dos códigos “antigos” de cada um dos membros do agregado familiar, mais os novos códigos, para além dos cartões de cidadão, lá estava eu diante da senhora da vassoura (SV).
Primeira abordagem da senhora…”P’ra que era?”
- Boa tarde, retorqui eu. Venho confirmar a alteração da minha morada e a dos elementos da minha família.
SV- Quantas senhas tirou?    
- Uma.
SV- Pois, mas assim não vou poder fazer … só uma senha e quatro moradas para alterar… não pode ser. Vocês têm que tirar uma senha para cada alteração. Não vou poder faze-las todas.

Convém, antes de prosseguir com este diálogo Tarantinesco (acabei de inventar) fazer alguns comentários:
·      Após uma hora à espera, a minha paciência (que normalmente já não é propriamente abundante) estava digamos… titubeante, pelo que quando a senhora começou com a história das senhas, devo ter começado a mudar de cor.
·       Como se isto já não fosse suficiente, surgiu o “vocês”… sim “vocês”, porque “nós… Éh pá o “vocês” tira-me do sério, mas continuemos.

- Desculpe, mas não tinha nenhuma indicação nesse sentido junto das máquinas das senhas. Se lá estivesse, não teria problema nenhum em ter tirada as quatro senhas… sou poupado, mas não tanto!
SV- Lá diz…
- Desculpe a insistência, mas não diz…
SV- Olhe, vá lá tirar mais três senhas que faço tudo seguido, mas tem que tirar mais três senhas.
E lá fui eu. Tirei as três senhas e dirigi-me novamente para o covil…
- Aqui estão.
SV – Olhe eu vou fazer-lhe isto mas não podia… sabe é que podem começar a reclamar… Mas também aviso-o já que às vezes o sistema não permite confirmar as moradas…

Mau…, pensei eu. A paciência já se foi e agora tenho um anjinho num ombro e um diabinho no outro a discutir, sobre qual deverá ser a minha conduta…
Enquanto eles discutem, eu mantenho-me calado e olho fixamente para a senhora. Esta vai estabelecendo um monologo, avisando que um dos “chips” está riscado e que aquela história dos “chips” é muito frágil e uma vez danificado tem que se fazer um novo cartão de cidadão, com as despesas inerentes (nesta fase, o diabinho levava claramente vantagem).
Com o decorrer do atendimento percebi o porquê do tempo de espera. É que a senhora só utilizava o indicador direito para “teclar” no computador, com a particularidade de verbalizar o que ia digitando. Para terem a imagem completa era qualquer coisa deste género: Carregava na tecla zero e dizia “zero”, carregava novamente no zero, voltava a dizer “zero” e assim sucessivamente e teclava e verbalizava com a velocidade com que estão a ler…uma coisa… fantástica.

Bem, abreviando a senhora lá conseguiu confirmar tudo o que havia para confirmar. Eu lá fui embora, passados uns bons 15 a 20 minutos, continuei com uns códigos que são “do melhor” apesar de não servirem para nada e a senhora que me atendeu, no final de mais um dia de trabalho, lá montou na sua vassoura e foi para casa descansar!


Adeus… e até ao meu regresso!

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